A paixão de futebol
Inerte, dependurada em um varal,
uma solitária camisa domingueira,
que do suor de um torrente carnaval,
haveria de se descansar na segunda-feira.
Do jogo nem sempre o que vale é a vitória,
mais excita é se aquecer em gritaria e refrões;
e se nosso time conseguir mais uma glória,
haja fôlego pra inflar tantos pulmões.
Futebol não respeita nem velório,
nem admite complexo ou preconceito;
alguns até correm ajoelhados por uma vitória,
amarelos, negros, brancos, gente de todo jeito.
Torcedores há que só pensam em futebol,
e nas semanas discutem o próximo placar;
passam tardes inteiras de domingos expostos ao sol,
explodindo aos gritos pelo time que escolheram amar.
Dizem que no Brasil o futebol é ópio do povo,
que pouco se dá conta da descarada corrupção;
no dia seguinte comem um simples arroz com ovo,
e felizes comemoram com fartas cachaças e limão.