Quem sabe sou o começo.
Sou o frio da madrugada
Sou o ouro do anel
Sou uma alma embriagada
Por dois olhos de mel.
Sou a ave em extinção
Sou a floresta queimada
Sou um teimoso coração
Só uma alma enamorada.
Sou o meio e sou o fim
Quem sabe sou o começo
Sou o não e sou o sim
O tesouro que não mereço.
Sou aquela tempestade
Que arasou o roçado
Sou a propria ansiedade
Sou a frase da oração.
Sou o barulho do trovão
A chuva fina e mansa
Sou um pouco de solidão
O amante que não se cansa.