Melô do bebado
Meu Deus do ceu, que bebida tão ruim
Queima a garganta e deixa uma dor
A tal cachaça está me destruindo
Na minha boca deixa um fedor
Sou viciado na maldita pinga
E não consigo para de beber
Pois a vegonha que eu tinha perdi
É que a pinga conseguiu vencer.
De manhãzinha já estou tremendo
E saio correndo direto pro bar
E vou gritando com a garganta seca
Bote a primeira que eu quero tomar
Coma segunda dose eu fico tonto
E quando caio ali permanesso
A minha casa agora é a rua
E os bares é meu endereço.
Pai, afaste de mim esse copo
Pai, afaste de mim esse copo
Pai, afaste de mim esse copo
De pinga feita de cana.
Como é que eu posso beber tanto assim
Se o meu figado não existe mais
O chão pra mim parece que afundou
Ficar em pé eu não aquento mais
A minha casa parece um carrossel
Acho que estou pirado de vez
Pois a cachaça já comeu meu cerebro
E minha vida eu perdi de vez.
Quando estou bebado acho que estou rico
Conto mentira e sou namorador
Digo que meu carro é importado
Que sou formado e hoje sou doutor
Tenho mansão, tenho casa de campo
Casa de praia e fazenda tambem
mais todos sabem que eu na verdade
Sou um pingunço e não sou ninguem.
Pai, afaste de mim esse copo
Pai, afaste de mim esse copo
Pai, afaste de mim esse copo
De pinga feita de cana.
Por causa dela perdi os amigos
Minha mulher tambem me deixou
Hoje meus filhos tem vergonha de mim
Até a vida me abandonou
Hoje as calçadas é a minha cama
A minha casa tambem é a rua
Meu cobertor se chama jornal
A minha luz tambem é a lua
O meu café é uma dose de pinga
O meu almoço é resto de comida
que eu encontro jogado na rua
E é assim que hoje levo a vida
O meu sapato é o asfalto quente
Das avenidas onde estou pisando
O banho que tomo é da garôa fria
Das ruas desertas onde estou morando.
Pai, afaste de mim esse copo
Pai, afaste de mim esse copo
Pai, afaste de mim esse copo
De pinga feita de cana.
Todos que passam tem medo de mim
Acham que vou fazer algum mal
Pois essa foi a vida que escolhi
Viver na rua como um animal
Converso só, e xingo todo mundo
Minha cabeça agora é só loucura
É que a maldita acabou comigo
Mais eu adoro uma pinga pura.
Esta paródia é baseada na letra " CALICE" de Chico Buarque.