LUA DO SERTÃO

O galo amiúda sobre o poleiro

Os rebanhos mugem ao meio do terreiro

O sol aninhou-se no ocidente

O seu fulgor já se faz ausente

Do lado oposto vê-se uma alvura

Sobre montes e frondes em plena abertura

É a lua que surge fulgente.

Luma cristalina, lua do sertão

Surge numa auréola de vermelhidão

Eu olho absorto sobre a areia

Contemplando a magnífica lua cheia

Cheia de desejos do meu coração.

Lua que reflete as folhas do arvoredo

Que bate e reluz no rochedo

Ela faz siciar o grilo

Que faz contemplar o esquilo

E o viandante se vai sem medo.

No terreiro povos até a madrugada

Palestram sob a luz enluarada

Um fala, um, canta outro dormita

Outro faz comentário sobre a lua que fita

Outro observa a lua sem dizer nada

Meninos contam casos do trancoso

Sob o luminar fico airoso

Começo a imaginar-me um caminheiro.

Lua sertaneja, vejo-a refletida

Sobre a lagoa és mais colorida

A coruja em canto louva e te bendiz

Lua do sertão, ó lua petiz

Que faz ficar âmbar a flor da margarida.

Finge diamante teu clarão ameno

As gotas nas folhas, gotas de sereno

Eu me rolo tenso sobre a areia fria

Encho-me de amor e de melancolia

Observo os grãos, um cristal pequeno.

E assim a lua ascende ativa

Rápida, veloz como uma ogiva

É do astro cristalino este clarão

Ouro sobre a terra, lua do sertão

Seja tua chama para sempre viva.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 30/10/2011
Código do texto: T3307507
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