SER SABIÁ

Quem dera fosse eu passarinho,

Para auroras eu sobrevoar!

Sobre as árvores fazer tantos ninhos!

Eu queria ser um ser...sabiá.

Sobre folhas ver a madrugada...

Lá de longe logo me aproximar

Sob a brisa da manhã orvalhada

Nas palmeiras poder me aconchegar.

Quem dera fosse eu passarinho!

Tão faceiro quanto é o luar

Que se vai sob o dia surgindo,

Tão ligeiro como alguém a voar!

Dos Setembros, a cada alvorada...

Eu queria só ser sabiá!

No espetáculo de cada jornada,

Primaveras poder anunciar!

No farfalho de cada palmeira

Cujas folhas balouçam ao ar,

Fosse eu um sabiá laranjeira!

O meu canto eu iria espalhar...

No horizonte dum dia partindo

Para logo depois retornar...

Fosse eu um simples passarinho

Nova aurora eu iria buscar,

A voltar sempre bem de mansinho

E do tempo poder retornar!

Como volta a noite caindo...

Para ser só um ser Sabiá.