ANDARILHOS
I
Com a pontinha de um grafite
Na mais fina impressão,
Na cor cinza eu desenho
O amor e a solidão.
II
Jamais andam sozinhos...
Um sempre ao lado do outro!
Se um geme, o outro corre
Sobrevivem só do desgosto.
III
Não desistem de pulsar
Em todo coração ardente...
Judiam,só fazem estragos
Habitam somente os carentes!
IV
E sempre são andarilhos,
Dos trajetos da inocência...
Se um invade um terreno
O outro logo se assenta.
V
Ao construírem sua tenda
Tripudiam quaisquer sentimentos....
E no final... reinam a vontade,
Não dão trégua um só momento!
VI
Às vezes, eu chego a pensar
Que os dois são coniventes!
Pois se um deixa de reinar
Logo o outro segue em frente!
VII
Quando um acende a fogueira
Que incendeia o coração...
O outro... logo faz o rescaldo
Com as sobras da desilusão.
VIII
E se um se prende um pouquinho,
O outro é só liberdade!
Modulam qualquer sofrimento
Mas nunca dominam a saudade...
SP,31/10/2005