outras trovas

Você diz que sabe muito,

há outros que sabem mais;

há outros que tiram pomba

do laço que você faz.

Quem é pobre, sempre é pobre,

quem é pobre, nada tem;

quem é rico sempre é nobre

e às vezes não é ninguém...

Tenho tosse no cabelo,

dor de dentes no cachaço,

sinto canseira nas unhas,

não vejo nada de um braço.

Encontrei o dá e toma

na rua do toma lá;

inda não vi dá sem toma,

nem toma sem deita cá.

Se onde se mata um homem

pôr uma cruz é preceito

tu deves trazer, Maria,

um cemitério no peito.

Os rapazes de hoje em dia

são falsos como melão:

tem de se partir um cento

para se encontrar um são.

O amor dum estudante

não dura mais que uma hora:

toca o sino, vai pra aula,

vêm as férias, vai-se embora.

Eu não quero, nem brincando,

dizer adeus a ninguém:

quem parte, leva saudades,

quem fica, saudades tem.

Vou deitar a despedida,

por hoje não canto mais;

já me dói o céu da boca

e o coração inda mais.