FLORES DE TRACUATEUA (Canto nº 4)

Pretensão

O que mais pretendo agora,

Neste final de milênio,

É botar garganta a fora

Os versos que ainda tenho.

Prelo

Dilui-se toda a palavra

Se no livro não for posta,

Perdida está toda a lavra,

Pedra solta na encosta.

Suposição

Nestes dias de amargura,

De tristes dias, de fome,

Suponho não ter mais cura

Para a tristeza do homem.

Ética

Quem sabe não tenha ética

O que vou falar, sem alarde:

A mentira sendo poética

Passa logo a ser verdade.

Rua e Madrugada

A rua está tão deserta,

Uns grilos pela calçada,

A madrugada desperta

Nos seios da minha amada.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 04/07/2005
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