IZO GOLDMAN - UBT São Paulo-SP
 (06 /11/1932 - 12/07/2013)

Retrato: JB Xavier - UBT Seção São Paulo 
 
Se disseres que, hoje em dia,
vivo no "mundo da lua",
depois de um beijo, eu diria:
-"Vivo sim! E a culpa é tua!..."
 
Estás só...Mas, mesmo assim,
como se fora um castigo,
sinto um ciúme sem fim
do "ninguém" que está contigo!
 
Se a tua ausência magoa,
magoa mais a saudade...
Muitas vezes a garoa
molha mais que a tempestade...
 
Partiste, e eu fiz o que pude,
num brinde à felicidade,
mas, quando eu disse -"saúde!"
ela respondeu...-"Saudade..."

Meu conflito e meu fracasso
é que as trovas que componho
têm sempre os versos que eu faço,
e nunca os versos que eu sonho...

Esta vida é uma contenda,        
é um eterno desafio.
Vem o sonho – faz a renda;
vem a vida – puxa o fio.

A vida pôs, por maldade,
tanta distância entre nós,
que, quando eu canto, é a saudade
que faz a segunda voz...

A esperança é uma resposta
com malícia de mulher:
-- Sabendo o que a gente gosta,
promete o que a gente quer...

Para mantê-los me empenho,        
porque penso sempre assim:
tendo os amigos que tenho,
eu nem preciso de mim!

Quando os caprichos passados
vão seguindo à nossa frente,
colocam fardos pesados
sobre o futuro da gente...

Em minhas noites vazias,
eu faço, das madrugadas,
as eternas travessias
de viagens sem chegadas...

Tu partiste e é tão intensa
esta dor dentro de mim,
que chega a ser uma ofensa
saudade doer assim!...

É a tua ausência que aumenta
a intensidade do drama
que a saudade representa
no palco de nossa cama!...

Tu partiste e, na vidraça,
a chuva chora também,
por um ontem que não passa
e, um amanhã... que não vem...
11
Quando tu dizes que és minha,
teu reino sofre um agravo:
- como pode uma Rainha
pertencer ao seu escravo?!...
12
Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco estranho
Talhado em forma de cruz!
13
Neste mundo que se exprime
através de mãos armadas,
chega a parecer que é crime
a gente andar de mãos dadas!!!
14
Que a imprensa sempre confirme
esta verdade sagrada:
- Sua pena Quando é firme,
é mais forte do que a espada!
15
Chuva e sol, tela encantada,
onde o maior dos pintores
pinta a curva caprichada
de um arco de sete cores!
16
A mais grave das ofensas
quase sempre tem raízes
quando dizes o que pensas
ou não pensas no que dizes.
17
Trago minhas mãos manchadas
de sangue, pelos espinhos
das mil rosas perfumadas
que espalhei nos teus caminhos...

Esperando, apaixonado,
antes que a Lua desponte,
o Sol pinta de dourado
as paredes do horizonte!!!

Na beleza dos seus versos
Luiz Otávio comprova
que cabem mil universos
nos quatro versos da trova.

São Francisco fez do nada
sua fortuna: a Oração,
uma batina surrada,
e os três nós do coração!!!

Estrada que imita a vida,
velho rio de água turva,
quanta esperança perdida
vais deixando em cada curva...

Eu e tu, duas metades
que a vida vai separando...
Eu e tu, duas saudades
na saudade se encontrando...

O poeta é um sonhador
que, num verso, entrega ao mundo,
a eternidade do amor,
na volúpia de um segundo...

No drama de uma seresta,
nossa vida retratada:
- eu sou violão em festa,
e tu, janela fechada...

"Volta!", eu peço, em voz bem alta!
Antes que a minha ansiedade
faça com que o "sentir falta"
passe a chamar- se... "saudade"...

Esta força desmedida
das cascatas faz que eu pense
que, às vezes, também na vida,
é caindo que se vence!!!

A saudade me consome
e as angústias são pesadas,                               
quando eu murmuro teu nome
e o vento... dá gargalhadas...

Na jangada a vela panda                                   
parece um ouvido atento ,
à espera de prece branda
que há no murmúrio do vento.

Partir é quase morrer...                     
É deixar na despedida
um pouco do próprio ser
e muito da própria vida...

Teu "Adeus" eu não censuro,    
censuro é um erro fatal:
meu amor não fez "Seguro"
que pague a "perda total"...

Na velhice, as incertezas,        
para ocupar os espaços,
vão empilhando tristezas
e acumulando cansaços...

Na imensa feira da vida,
as barracas da ironia:
a das culpas - concorrida!...     
a dos remorsos - vazia...

Contradição bem marcada,
que teima em nos separar:
- Meu amor toca a alvorada,     
e o teu não quer acordar...

Jogam “xadrez” as nações,
e, no “jogo” em que se empenham,    
sacrificam os “peões”,
para que os reis se mantenham.

És um arbusto florido...
Eu sou o vento que passa,                         
e, num delírio atrevido,
te despe e depois... te abraça...

No viver o que mais cansa             
são estas andanças vãs,
correndo atrás da esperança
e perseguindo amanhãs.

Sem esquinas ... sem saídas ...     
muitas vidas são assim ...
Ruas retas e compridas,
e um grande portão no fim ...

Tentei... Lutei... Mas não pude
deixar de crescer e, agora,
desejo as boldas de gude
que em criança, joguei fora...

A Coroa... A Cruz... Os Cravos...                
Por que deixaste, Senhor,
pagarmos com tais agravos
a ternura de um AMOR?!...

A Coroa... A Cruz... Os Cravos...    
Por que deixaste, Senhor,
pagarmos com tais agravos
tanta fé e tanto AMOR?!...

Vou queimando lentamente
tuas cartas, na ansiedade
de quem tenta, inutilmente,
queimar a própria saudade.

Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco estranho,    
talhado em forma de cruz!

Chegando além do horizonte,             
a vida é estrada comprida;
no fim da vida, uma ponte:
no fim da ponte, outra vida... 

Enquanto eu tirava espinhos
das rosas que te ofertava,
deixavas nos meus caminhos           
os espinhos que eu tirava...

Quem morreu naquela Cruz        
foi o Corpo, nada mais.
Ninguém apaga uma Luz,
crucificando ideais!

Que todo mundo, ao julgar,        
recorde a imagem serena
d'Aquele que soube achar
virtudes em Madalena!...

Negrinho do Pastoreio,                  
já não creio mais em ti,
pois foi saudade que veio,
em vez do amor que pedi!

Estrada que imita a vida,           
velho rio de água turva,
quanta esperança perdida
vais deixando em cada curva...

Nenhum de nós é culpado           
se o Destino faz trapaça,
cobrando preço dobrado
por sonhos que são de graça...

No livro de nossa vida,
por culpa do teu ciúme,                
a estória foi dividida
e eu fiquei noutro volume...

Saudade, imagem barroca,
que eu trago dentro do peito,       
tem a cor da tua boca,
tem o jeito do teu jeito...

De braços desabraçados,
somos duas ilhas... somos        
dois pedaços separados
do continente que fomos...

Roleta da vida, espelho
dos enganos que eu cometo;     
ponho as fichas no vermelho
e o Destino grita: "Preto"!!!

 
UBT
Enviado por UBT em 28/06/2011
Reeditado em 17/02/2014
Código do texto: T3061857
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