O Cego e o Louco

Vais levando a tua vida

como que fosse normal

abraçando o leviano

pra fugir de todo mal

que escurece os pensamentos

e te deixam muito triste,

porque pensas nos momentos

mais felizes que tu viste;

que vivestes e sentistes

ao lado do grande amor,

mas agora não resistes

a incruenta e dura dor;

pra fugir de todo estresse

semanal e cansativo:

é que o novo te apetece

na importância de estar vivo;

pra fugir de todo monstro

que destrói o teu pensar:

é melhor o falso riso,

quem te engana só de olhar...

Tu te engodas coração,

desviando o pensamento

para quem paga a bebida,

quem te dê um bom momento

longe de teu sentimento

magoado e deprimido,

afinal há muito tempo

para ele tu tens vivido.

Hoje tu não queres mais...

E procuras te esconder,

mas jurando: “tinha paz

quando sabia viver”.

Sei que não vais encontrar

neste mundo tão imenso

um alguém que nas minúcias

é fiel, amigo, intenso,

companheiro, pajem, forte,

nas campanas – atalaia,

teu esteio quando a Morte

te puxar por perna e saia;

o teu ombro quando a dor

te fizer a lacrimar

por amor ameno e cândido

nas noitadas de luar...

Eu espero que algum dia,

dentro de teu coração,

deixes toda covardia

para dar-me o teu perdão.

22/01/2011 3h11

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 22/06/2011
Código do texto: T3049643
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