RASTELO

I

Eu lavrei a minha alma!

Rastelei ervas daninhas...

Preparei farto terreno,

Pra plantar só “flores minhas!”.

II

Irriguei com ingenuidade,

A mais pura que eu tinha!

Germinei a liberdade,

Das poesias...a mais linda!

III

Semeei felicidade...

Com a força que eu detinha,

Adubei só com verdade...

A mais simples fantasia!

IV

Fustiguei algumas terras

Com o rastelo das vaidades...

Encontrei nos subsolos,

Uma triste realidade...

V

Vi mil pragas, parasitas...

Em terras tão mal tratadas!

Acionei os germicidas...

Não! à alma infestada!

VI

Rastelei milhões de vezes...

Na difícil invernada,

Trabalhei do sol pungente,

Até as altas madrugadas...

VII

Certa vez lancei sementes...

Em terras mal rasteladas,

Aonde floresci gemente,

Igual flor despedaçada!

VIII

Mas com a força da torrente,

Ou da chuva inesperada...

Eu me elevei dormente,

Feito flor desabrochada!

sp, 27/SET/2006