TROVINHAS...

Quando eu era inda menina

P'ras bandas do arraiá

Brincava o diintirim

Sem tristeza amargá

A boneca trigueira

Era amiga, companheira

Oiava o mundo calada

Sem fazê ninhuma zueira

Meu pensá era inocente

Num trapaiava o sono

Durmia bem contente

Reinanu nos meu sonho

Mas um dia eu crisci

Gente grande, de verdade

Tratei de me instruí

Na tar da facurdade.

Pra cidade grande mudei

Trabaiei muito, estudei

Venci na vida, é fato

Pro arraiá nunca mais vortei.

As cantiga de niná

As brincadêra de roda

Parece inté que tá tudo socado

No fundo duma sacola.

E hoje a tar da sodade

De mim num qué largá

Dá um trabaião danado

Faz inté eu chorá.

As vista fica turva

E eu cumeço o meu pená

Sai pra lá dona sodade

Num me venha martratá.

Ah, se eu pudesse no tempo vortá

Vortá no tempo da minha mininice

Brincadeira tanta, tanta criancice

No doce embalo da cantiga no ar.

Participação:

Sodadi é dô qui passa

Mas demora di passá

A sodadi num tem graça

Gosta de fazê chorá!

Mas si ixisti sodadi

é pruquê o trem foi bão

Trem ruim num dexa sodadi

Só martrata o coração (Euripedes Barbosa Ribeiro)

Isabel Damasceno
Enviado por Isabel Damasceno em 03/06/2011
Reeditado em 04/04/2022
Código do texto: T3012567
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