LUAS DE AJURUTEUA (Canto nº 1)

JIRAU DE POEMAS

Tenho um jirau de poemas

dentro da concha da mão

onde pousam pirilampos,

pássaros, rios, solidão...

A TAPERA E O TEMPO

No chão da velha tapera

assomam na noite vaga

sombras do ontem dispersas

que o tempo moroso apaga.

O CAMINHO

Neste meu caminho longo,

com meus sapatos azuis,

levo um cântaro de prata

cheio de sangue e de pus.

COISAS E SÓIS

Na face longa do tempo

perpassam coisas e sóis,

lívidos corpos de ontem,

as almas de todos nós.

VERDADE

Que Deus existe é verdade,

para o horror dos ateus,

pois esta parte do cosmos

é a boca fulva de Deus.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 01/07/2005
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