Ao Poeta
Ergue-te a fronte que enfim borbulha,
Nos versos de um infame pessimismo,
Na solidão que ao espírito mergulha,
Em cada rima do teu ultra-romantismo,
Quisera que tuas palavras de sangue,
Pintadas com as notas da nostalgia,
A face da musa em doce amor se langue,
Em cada nota vibrante de melancolia.
Enfim, esta pena que levas ao papel,
E arde tuas pálpebras no leve cismar
É o sabor nauseabundo do teu fel,
Envolto na poesia do ávido suspirar.
No entanto, a febre que a fronte devora,
No alvorecer do dia entre as montanhas,
É o luto da morte! A tua trágica hora,
A consumir teus versos e suas entranhas.
Enfim sonhastes na ilusão de juventude,
Ter aos braços a tua princesa menina,
Que o destino sepultou no velho ataúde,
Das notas póstumas na antiga cavatina.
Bem sei que teu fim, serás como a elegia,
Dos bardos nas florestas de negrume,
A cova! Solitário enfim terás a fantasia,
Do fenecer entre as rosas sem perfume!...
Pobre fim! Abaixar-se ao sepulcro sem hino,
Sequer terás o pranto que enfim merecia,
Do peito gasto nas orgias como um libertino,
Repousastes a fronte em trágica ironia!
Perdoa-me se sonhei com o paraíso celeste,
Quando dourei a fronte em ânsia dolorida
Nos luares solitários da paisagem agreste,
Sepultei os meus sonhos e a minha vida!
Pobre poeta! Que nos versos de paixão,
Cantou uma canção de rude melodia,
E preso aos grilhões da infinita solidão,
Debalde sonha com a póstuma alegria!
Mas – em meu cérebro fervilha o gênio,
A centelha que crepita em enlanguescer,
Será a luz que brilhará no novo milênio,
Da escuridão em trevas ao anoitecer!!!
E esta lembrança – será a vaga memória,
De uma desnuda virgem de face faceira,
Ao panteão - os poetas virão a minha glória,
Em cada cume da paisagem brasileira!