Mentiras Nuas
Andando pelas ruas,
muito me enfureço;
lembro as ânsias tuas,
e jamais me esqueço;
das mentiras nuas,
ou de algum tropeço.
Vislumbro o horizonte,
fugindo do atropelo;
bebo água da fonte,
pois não sou camelo;
há muitos sob a ponte,
quase nus em pelo.
Abaixo do viaduto,
imundície do futuro;
que é outro produto,
que expõe o obscuro;
inércia do corrupto,
tão em cima do muro.
Ainda assim vou indo,
desiludido com tudo;
meu caminho seguindo,
segurando meu escudo;
jamais ficarei dormindo,
nem posso ficar mudo.