Pandemônio

Galinha cacarejou

O galo cantou de galo

Cachorro escondeu seu rabo

E o gato, um salto mirou

A paz sempre vai pro ralo

Se a bicharada abre o bico

No auê quem paga o mico

É o pobre do Zé Ramalho...

Cantando com vozeirão

Mistérios da meia-noite.

O teu amor é açoite

Se não vens como eu queria!

Filha da melancolia

Reza a pobre poesia

Mil vogais em aflição

Buscando por conjunção.

Verbos jogados ao chão

Na branco-neve, a rolar

Pelo céu risca um trovão

Loucura a corroborar

Ah, nem vem passar sabão

Que senão irá sambar

Essa dor dói feito o cão

E não posso segurar.

Bicharada num auê

E eu só quero você

Pudesse, o mundo calar

O faria, num piscar...

Mas feito múmia, divago

Sequer posso me mexer

Nem gritar, o mico eu pago

A panela vai ferver...

ANJA PERALTA
Enviado por ANJA PERALTA em 19/03/2011
Código do texto: T2858476
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