Pandemônio
Galinha cacarejou
O galo cantou de galo
Cachorro escondeu seu rabo
E o gato, um salto mirou
A paz sempre vai pro ralo
Se a bicharada abre o bico
No auê quem paga o mico
É o pobre do Zé Ramalho...
Cantando com vozeirão
Mistérios da meia-noite.
O teu amor é açoite
Se não vens como eu queria!
Filha da melancolia
Reza a pobre poesia
Mil vogais em aflição
Buscando por conjunção.
Verbos jogados ao chão
Na branco-neve, a rolar
Pelo céu risca um trovão
Loucura a corroborar
Ah, nem vem passar sabão
Que senão irá sambar
Essa dor dói feito o cão
E não posso segurar.
Bicharada num auê
E eu só quero você
Pudesse, o mundo calar
O faria, num piscar...
Mas feito múmia, divago
Sequer posso me mexer
Nem gritar, o mico eu pago
A panela vai ferver...