Sou uma carta de amor.

Eu sou as contas do terço

Que ao orar você dedilha

Sou um catálogo de preço

A rsposta maldosa da filha.

Sou uma lente de contato

O cheiro de pastél na feira

Sou uma foto treis por quatro

Escondida numa carteira.

Sou a petála de uma flor

Derrubada pelo vento

Sou uma carta de amor

Rasgada e jogada ao relento.

Sou um quatí sem destino

Olhando lá no horizonte

Sou o som de um violino

Um sapo embaixo da ponte.

Eu sou a letra miuda

De uma bula de remédio

Sou aquele criado mudo

No saguão de um prédio.

Pedro Nogueira
Enviado por Pedro Nogueira em 05/03/2011
Código do texto: T2830257
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