Sou uma carta de amor.
Eu sou as contas do terço
Que ao orar você dedilha
Sou um catálogo de preço
A rsposta maldosa da filha.
Sou uma lente de contato
O cheiro de pastél na feira
Sou uma foto treis por quatro
Escondida numa carteira.
Sou a petála de uma flor
Derrubada pelo vento
Sou uma carta de amor
Rasgada e jogada ao relento.
Sou um quatí sem destino
Olhando lá no horizonte
Sou o som de um violino
Um sapo embaixo da ponte.
Eu sou a letra miuda
De uma bula de remédio
Sou aquele criado mudo
No saguão de um prédio.