O soneto explicado, através de trovas - ll

(Continuação)

Às vezes, rimando as quadras,

a disposição varia,

apesar do modo clássico

não adotar tal mania.

Na montagem dos tercetos,

ou terças, assim chamadas,

nas rimas são permitidas

montagens mais variadas.

Nas quadras, só duas rimas

no total dos oito versos,

mas, os tercetos se rimam

em arranjos mais diversos.

Nas sílabas do soneto

nenhum verso tem vantagem,

pois segundo a isometria

tem que haver igual contagem.

E na pronúncia poética

a contagem é diferente,

pois essa silabação

ao ouvido é pertinente.

Veja exemplo nesta frase:

"a inocente honestidade",

não contamos as dez sílabas,

apenas sete, em verdade.

Agudo, grave ou exdrúxulo,

cada verso, assim chamado,

é o som forte da palavra

quando o verso é terminado.

Há os sons fortes ou tônicos

no soneto destacados,

que na pronúncia dos versos

devem ser cadenciados.

Os chamados decassílabos,

no soneto tão frequentes,

têm cadência variada,

nas suas pausas presentes.

Ao falar de pontos tônicos

que no ritmo é condição,

vou usar alguns exemplos

pra melhor explicação.

"As armas e os barões assinalados"

(Verso de Camões - tônicas na 6a. e 10a. sílabas.)

"Depois de um longo e tenebroso inverno"

(Verso de Luis G. Junior - tônicas na 4a,, 8a. e 10a sílabas)

"De repente, não mais que de repente"

(Verso de Vinicius de Morais - tônicas na 3a,, 6a. e 10a. sílabas.)

Obs.: Os versos acima citados são todos decassílabos, segundo a fonética poética,