Na parede da memòria.

Existem coisas na vida

Que jamais serão esquecidas

Passe o tempo que passar

Hoje eu acordei saudoso

De um tempo delicioso

Que se foi pra não voltar

O meu tempo de criança

Onde tudo era esperança

E sò se vivia pra sonhar

Lembrei a casa da fazenda

Do munjolo e da moenda

E o moinho de fubà.

O nascer e o por do sol

E da pesca de anzol

E o barulhão da cachoeira

A estradinha de cascalho

Umedecida de orvalho

E as batidas da porteira

A taipa do fogão a lenha

De madrugada a ordenha

Eo cafè quente na chaleira

A capelinha do sino

A catequese dos meninos

Dona merenciana,a parteira.

A professorinha linda

Tornava mais bela ainda

A escolinha do lugar

Da brincadeira de pique

Là no terreiro do alambique

E o cantar de um sabià

O olhar azul da italianinha

9 anos, bem miudinha

Mas que motivo pra sonhar

Là no prego uma sacola

Com os apetrechos da escola

E o estilingue não podia faltar.

Um pomar e um roseiral

E a linda florada do cafezal

E as boas modas de viola

Ao redor de uma fogueira

O bom papo a noite inteira

Enquanto fazia restea de cebola

Domingo depois da missa

Não se entregava a preguiça

Pois tinha o jogo de bola

Na hora do cafè da tarde

A mamãe trazia o balde

Para colher acerola.

Moro hoje na cidade grande

Aqui o progresso se espande

Mas não dà pra comparar

As vezes medito muito

Penso atè que meu intuito

È um dia qualquer voltar

Mas logo eu me recomponho

Pois tudo não passa de um sonho

Que nunca vai se realizar

È sò na parede da memoria

Que tem o retrato dessa història

Que eu acabei de contar.

Pedro Nogueira
Enviado por Pedro Nogueira em 31/10/2006
Código do texto: T278847
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