DESTINO

A paisagem cor de gris

Do meu solo nordestino

Reverdeja e é feliz

Quando a chuva é seu destino.

Para ter felicidade

Inspirei-me em cada trino

E o pássaro da saudade

Planou no vôo do destino.

Dos meus sonhos de menino

Hoje nem me lembro mais

Embora a flor do destino

Desabroche seus florais.

Sol quente, seguindo ao pino,

Aquece a minha cabeça

E faz com que meu destino

Torridamente aconteça.

Ouvindo seu belo trino

De passarinho aparente

Percebo que seu destino

Foi cantar pra encantar gente.

Dorme, dorme pequenino,

Que inda desponta pra vida,

Aguardando o seu destino

Em sua rede estendida.

Passarinho emite o trino

Alegre, no bosque em flor,

E sem saber seu destino

Constrói um ninho de amor.

Cada verso que declino

Com feitio amargurado

Tem a cara do destino

Revelando o meu passado.

Para tudo que hoje atino

Vejo a marca do passado

Escrita em nosso destino

De não viver lado a lado.

Não posso dizer que ensino

Nem que sei o que é profundo

Se não controlo o destino

Do que me ocorre no mundo.

Bate forte no meu peito

Quente coração latino

Compassando do seu jeito

Os passos do meu destino.

Para proceder direito,

Sem cometer desatino,

Derivo, sendo um sujeito,

À mercê do meu destino.

Eu sou simples interino

Na vaga do meu sujeito

Quando deixo o meu destino

Levar-me de qualquer jeito.