Rubor
Meu coração possui um dono inconsciente
Que não sabe que outra mulher além da sua se apaixona
Por suas mãos a deslizarem sobre o piano tenramente
Ao passo que, de seu amor, jamais desiste ou se questiona.
Como eu queria tê-lo conhecido há oito meses!
Meus olhos têm encontros com a sua boca
E minha boca, deles, conserva inveja
Por pertencer a esta dama tão sincera
A qual carente, sem seus beijos fica louca.
O rubor domina o mundo
E assim o faz com ruas de nossa cidade...
As ruas são vermelhas em virtude do Natal que se aproxima,
Quanto a meus olhos, são vermelhos por não merecerem suas rimas.
Meu rosto se avermelha por estar perto do seu
E não poder reconhecer que meus cabelos e minhas veias são vermelhas, por Romeu.
Além de veias e cabelos, meu coração também explode, está ao chão.
Ele encontra sua voz no orelhão
E não se atenta à minha por não contar com sua paixão
Daqueles braços de veludo — sou amor na contramão...