NADA MAIS QUE TROVAS - 2

Como posso ser audaz,

se minha timidez não permite?

Declarar-me quero ser capaz.

Mas, meu coração não admite.

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Sou como a palha ressecada

que o fogo, daninho, incandesce.

Que geme a cada queimada

como se cheia de dor estivesse.

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Deixa-me, uma vez mais, admirá-la

com os olhos marejados de amor.

Deixa-me aproximar e beijá-la

com muito jeito, com muito sabor

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Como eu te amo, doce, criatura.

Nem mesmo consigo esconder.

Pode até ser a minha desventura.

Pois que seja então, nada posso fazer.

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Não posso te querer, sem querer.

Não está em mim ser assim.

Mas tu podes, tentar, me esquecer.

Será melhor que tu dizeres sim.

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Por que magoar o coração,

quando o amor nos faz sofrer?

Por que não entender a razão?

É melhor, bem melhor, pra se viver.

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Fico calado em meu canto

tentando aliviar minha dor.

Mas a vida não perde o encanto,

pois sei que existe o amor.

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As portas se fecham alí,

deixando o amor lá fora.

Mas, janelas se abrem aqui,

e todo ódio vai embora

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Por que, hoje, tu dizes que não,

se ontem, beijando-me, disseste que sim?

Amanhã, talvez, tu dirás com emoção:

Perdoe-me, o amor não foi feito pra mim.

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Nada me fará desistir de você,

pois quero conquistá-la todinha.

O futuro há de acontecer

e você será somente minha.

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Amor é como o orvalho da manhã.

Brilha, sobre a folha, enquanto pode.

Mas logo chega o sol como um titã.

A folha murcha, o orvalho seca e morre.

01/10/1991

Haroldo Franco

Haroldo Franco
Enviado por Haroldo Franco em 25/01/2011
Código do texto: T2751726
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