Poemeto ironico de uma tarde ensolarada

mentira, as flores não choram ?

quem sabe se as gotas de orvalho não o são ?

quem sabe se o céu não parte das flores e chora ao amnhecer?

quem sabe o que sabemos não é nada ?

se nas calçadas as flores não pisam

no chão das casas apenas

instrumentos nos fazem dançantes

e se ha dança desdance

-alors-

nos cantos encanta quem não canta

de tanta andaça a pança

destituiu-se de mim

e nas gotas de vida sou eu

o rio que banha

o sol de meias noites

e nos silencios dos olhos

se expressam os códigos secretos de nós

um som com só o um ré invertido,

somado ao abismo de meio tom,

menos o infinito,

pre-parado

quê não se diz, se mexe

gesticula a montanha

rumo ao mar

onde a tenebrosa escuridão

do fundo do longe

do ímpar ímpeto

de nada de riso

ri em si mesmo assim

os neutros anos de invenção

experimentam a ciência

sem sentido pra tan lejo

o ser é vazio

é uma pedra invisível

após dar toda sua comida de palavras como ruido

num jazz atonal

mas nem tanto.