O Fado que trago no peito...

O FADO QUE TRAGO NO PEITO

Pediste-me, um belo dia:

- Fala-me sobre o Fado!

Eu disse que não sabia,

Calei-me naquela hora

E aquilo que eu não queria

Irei cantar agora:

Fado é o que trago no peito,

Acompanha-me noite e dia.

Fado é o que trago no canto,

Ele comanda minha vida.

É algo que vive em mim

E por mim é tão amado,

Este Fado é dor sem fim,

Este Fado é o meu fado!

Fado é cantar a dor,

Que a vida maltrata.

Fado é cantar o amor

Que dá vida e mata!

Fado é cantar a alma

Quando ela, triste, chora.

Fado é sentirmos calma

Quando o amor vai embora.

O Fado também é grito,

Choro e riso, coisa estranha...

É um lamento infinito,

Dor que vive nas entranhas.

Ao Fado também pertencem

As duras dores do coração

Amigos e amores ausentes,

Eu canto a minha canção!

O Fado na sua pureza

Fala de dor e felicidade

E com grande nobreza

Canta e chora a saudade!

A vida tenho passado

Amargurada e triste a chorar

Tem sido triste meu Fado

Dolente o meu cantar.

Fui airosa e alegre menina

E em todos via bondade.

Conheci brilhante sina

Desconhecia a saudade.

Menina de tranças pretas

Na sua inocente bondade

Via tudo em cores garridas

Acreditava na sinceridade.

Fui menina, fui pequena

Da qual sinto falta sem fim,

Fui alegre, estudiosa, serena

Hoje choro saudades de mim.

Vivia meus dias cantando

E o meu primeiro lamento

Foi cantado, chorando

Com infinito sentimento.

Eu nasci em escondido lugar

Onde não se avista o mar

Tocava o céu e o horizonte

Bebia água pura da fonte.

Eu sempre soube que o mar

A mim um dia escolheria

Pois sempre que ele me via

Me convidava a atravessar

Atravessar para o outro lado

Atravessar para a outra margem

Assim vim para este povo amado

Envolta em armas e bagagem.

Morrerei livre, sem pressa,

Morrerei em algum lugar

Como onda, à areia regressa,

Quero morrer ao pé do mar!

Este meu coração lusitano

Toda a vida foi fadista!

Sempre pertenceu ao oceano.

Sempre foi idealista.

Vim beijar o sol, deixei o frio,

Esta terra amo, do meu jeito

Vim preencher um espaço vazio,

Mas a Pátria guardo no peito!

O fado que trago no peito

Apresentei-o aqui e agora

Saiu do coração, sentido,

Lembrando os dias d’outrora.

O Fado canção aqui quero elogiar

Perguntaste-me e eu quero falar:

Na vida precisa não ter amado

Aquele que não quer sentir o Fado!

Ana Flor do Lácio (09/11/2010)

******************************

*************************

************

******

*

(Belíssima interação do poeta Bosco Esmeraldo. Grata, meu amigo, pela sua presença na minha escrivaninha, trazendo beleza e brilho aos meus singelos versos.)

MEU FADO É CANTAR MEU FADO

Muito bonito o teu fado,

Ana Flor do Lácio, digo

Destino, dança, ou cantado

Chorar no ombro do amigo.

O fado nasceu no Brasil

Mas aqui não se criou

Pras terras lusas partiu

E seu lugar encontrou.

Meu fado é seguir cantando

O sentir de minh'alma

A saudade vou chorando,

Pois, quando canto, me acalma.

(Bosco Esmeraldo 09/11/2010)

Bosco Esmeraldo
Enviado por Ana Flor do Lácio em 09/11/2010
Reeditado em 02/09/2011
Código do texto: T2605603
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.