Falando sem ironia.
Eu sou a conta do terço
E a corda de uma viola
Sou algo que não tem preço
Sou o ar que enche uma bola.
Sou um grito na madrugada
E um susto que sacode
Uma presença que agrada
E um balão que explode.
Sou a pena de um pardal
A mercê de uma ventania
Sou o diamante num pedestal
Uma noite escura e fria.
Sou a janela que se abre
Com a força da tempestade
Do metal eu sou o zinabre
Sou a dor de uma saudade.
Sou a bengala que apoia
A caminhada do idoso
Sou a linha forte ta tróia
Dono de um coração ansioso.
Sou um amante da poesia
A gota de orvalho na roseira
Agora falando sem ironia
Eu sou só o Pedro Nogueira.