Trovoadas
Trovas, trovão, trovoada.
O que isso quer dizer?
Quem pra fazer não tem nada,
Sempre inventa o que escrever.
Já passamos dos cinqüenta,
Muitas farras e andança!
O homem não mais se agüenta,
Já o poeta é uma criança.
De espinho em espinho
Minha vida se desfaz,
Nas rosas pelo caminho
Eu encontro a minha paz.
Uma paisagem florida
Não revela a triste sorte:
As cores enfeitam a vida,
As flores também a morte.
Perdeu-se o sonho na estrada,
Nunca voltei pra buscá-lo.
Passado nunca me agrada,
Futuro posso mudá-lo.
Na caminhada da vida
Nunca tive um só lugar.
Chegada é sempre partida,
Partir é sempre chegar.
Mas nestas idas e vindas,
Eu terminei por achar
Um lugar de buscas findas,
Onde é possível só amar.
Homem e poeta em mim,
Partes da mesma lição,
Quando o poeta diz sim,
O homem sempre diz não.
O homem, pelos caminhos,
Ao poeta sucumbiu.
Entre rosas e espinhos
A poesia floriu.
Pois o poeta não morre,
Nem tão pouco envelhece,
Na tristeza se socorre,
Na poesia se engrandece.
Vou-me embora pro passado,
Eu aqui fico mais não,
Já sofri um bom bocado
Neste futuro de cão.
Pra findar a “trovoada”
E acabar com a “rimação”,
Eu agradeço, moçada
Pela nobre atenção.