Observando um otário.
Eu sou a casca da uva
Sou o barulho da cachoeira
Sou um sagui andando na chuva
Sou uma cigarra na roseira.
Sou um risco no papel
E o uivo de um lobo
Por conta de dois olhos de mel
Eu já fiz papel de bobo.
Sou a lente de contato
Uma latinha na enxurrada
O milho que foi jogado ao pato
Sou quem te visita na madrugada.
Sou uma humilde semente
A pena que a pomba perdeu
Sou um projeto de gente
Que só escrever aprendeu.
Sou uma gaiola aberta
A liberdade de um canario
Sou uma rua deserta
Observando um otário.
Sou o corrimão mão da escada
Tambem o segredo de um cofre
Sou uma luz quase apagada
Um simples pecador que sofre.