Pelo buraco do muro

Separada, por um muro,

A minha casa da sua,

Fez com que fizesse um furo,

Para vê-la toda nua.

O muro que nos separa

Nunca foi de alvenaria

Foi de vergonha na cara

Quando você se despia.

Muro, murinho ou mureta,

nunca foi barreira certa,

que impedisse a silhueta

vista em olhadela esperta.

Olhei por cima do muro

e fiquei estarrecido;

não queria ver, mas juro

que vi você sem vestido.

Posso até dizer que juro

nunca olhar tua nudez,

mas do buraco no muro

já fui constante freguês.