Eu sou o grão de café.
Sou a penumbra da sala
Sou simplesmente agora
Eu sou o papel de bala
Que todos jogam fora.
Do leite sou a nata
Sou uma folha caida
Sou a caneta de prata
Discreta e desinibida.
Da bussula sou o ponteiro
Que apota para o norte
Do teu olhar sou prisioneiro
e do punhal sou o corte.
Sou o trotear de um cavalo
Que faz levantar poeira
Sou o cantar de um galo
Um ovo de cobra na pedreira.
Eu sou um grão de café
Admirando a lua cheia
Que impulsiona a maré
A a faz avançar na areia.
Sou a chama viva da vela
Uma rosa branca no altar
Da saudade sou a sequela
Fazendo um coração chorar.