O MEU CANCIONEIRO * Engano triste
A noite cai, devagar.
Ausência e recolhimento.
Só o manto do luar,
com o candor dum noivar,
cobre de branco o convento.
Só, no silêncio da cela,
difusa sombra parada
é o estertor duma vela
projectando o corpo dela
de virgem ajoelhada.
Cá fora, o mundo profano,
sem preces nem ladainha,
cumpre o seu destino humano,
enquanto eu vivo este engano
de ainda sonhar-te minha...
*
José-Augusto de Carvalho
16 de Setembro de 2006.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal
Do livro em construção:
O MEU CANCIONEIRO
(Cantiga de Amor)