VOVÔ SOMBRA
Arrastando os pés, não demonstrando o que sente,segue para seu quarto.
Em silêncio, recusando os afagos dos netos.
Incomum essa atitude, mas como todos estavam com pressa...
Não perderam tempo com preocupação com as besteiras de velho.
Estava cansado. Cansado de tudo. Sentou na grande cadeira de balanço,
Pôs-se há recordar os tempos onde era uma pessoa...
Hoje, era sombra. Dentro da sua própria casa era apenas uma sombra,
Um estorvo, um velho cheio de ‘macacoa’.
Pousou os pés sobre uma banqueta,
A bengala deitada no colchão...
Uma lágrima solitária rolava pelo canto do olho,
Tão solitária... Quanto seu coração.
Rosto marcado por profundas rugas
O olhar parado, em agonia.
Sem uma presença amiga para conversar,
Sem alguém que lhe fizesse compainha.