T R O V A S (17)

Os ventos frios do outono

que chegam nesta paragem

são forasteiros, seguem viagem

levando sonhos em abandono.

O rio das minhas trovas

é caudal inesgotável...

Às velhas sucedem novas

com fervor inabalável.

Devemos do corpo cuidar

não esquecendo que a alma

é a companhia fidalga

toda a existência a animar.

Ventos ventantes ventando

na ventoinha do tempo,

antigas vozes cantando

a eternidade a destempo.

Cágados celestes, numes

seguindo os rumos de Cabul,

nuvens ralas, raras nuvens,

passeiam no meu céu azul.

Noitadas frias de outono,

as estrelas todas no céu,

quietude, paz e abandono,

e nos fogões um fogaréu.