TERESA

Sempre presa ao calendário

No entrar e sair de ano

Caiu no conto do falsário

Que a iludiu com seu plano.

Não tem a flor da idade

Mesmo assim se perfuma

E cheia de vaidade

Sai a caminhar pela rua.

Rejeitou fazendeiros

Comerciantes e mascates

Empresários e forasteiros

E até alguns alfaiates.

Não era moça festeira

Era mesmo para casar

Ele disse ser ela a primeira

Por quem foi se enamorar.

Ninguém o conhecia

Veio das bandas de lá

No entanto ele sabia

Como uma moça agradar.

Era bem afeiçoado o patife

E muitas por ele a suspirar

Disse ser ser um grande alarife

Quem iria suspeitar?

Com ela todos os dias saia

De braços dados a passear

E as outras a ficar de tocaia

Até parece que isso foi seu azar.

Os dias foram se passando

Os pais dela tudo a preparar

O noivado estava chegando

Teresa ia mesmo se casar.

O boato correu a vila e as moçoilas

Puseram-se todas a reclamar

Ficaram todas muito aflitas

Despeitadas começaram a criticar.

O dia esperado se aproximava

O pai de Teresa já de pronto

O dote da filha entregava

Dois meses antes do trato.

Ele disse que ia arrumar a casa

Que em breve voltaria

Ela com olhar de arrasa

Vi-o afastar na montaria.

Daquele dia em diante

Não mais voltou o lendário

Ela o esperava incessante

E do vestido de noiva era só comentário.

Esta é a estória de Teresa

A moça que doou seu coração

E para sempre ficou presa

A uma mal resolvida paixão.

Vania Morais
Enviado por Vania Morais em 21/04/2010
Reeditado em 10/09/2019
Código do texto: T2209506
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