TERESA
Sempre presa ao calendário
No entrar e sair de ano
Caiu no conto do falsário
Que a iludiu com seu plano.
Não tem a flor da idade
Mesmo assim se perfuma
E cheia de vaidade
Sai a caminhar pela rua.
Rejeitou fazendeiros
Comerciantes e mascates
Empresários e forasteiros
E até alguns alfaiates.
Não era moça festeira
Era mesmo para casar
Ele disse ser ela a primeira
Por quem foi se enamorar.
Ninguém o conhecia
Veio das bandas de lá
No entanto ele sabia
Como uma moça agradar.
Era bem afeiçoado o patife
E muitas por ele a suspirar
Disse ser ser um grande alarife
Quem iria suspeitar?
Com ela todos os dias saia
De braços dados a passear
E as outras a ficar de tocaia
Até parece que isso foi seu azar.
Os dias foram se passando
Os pais dela tudo a preparar
O noivado estava chegando
Teresa ia mesmo se casar.
O boato correu a vila e as moçoilas
Puseram-se todas a reclamar
Ficaram todas muito aflitas
Despeitadas começaram a criticar.
O dia esperado se aproximava
O pai de Teresa já de pronto
O dote da filha entregava
Dois meses antes do trato.
Ele disse que ia arrumar a casa
Que em breve voltaria
Ela com olhar de arrasa
Vi-o afastar na montaria.
Daquele dia em diante
Não mais voltou o lendário
Ela o esperava incessante
E do vestido de noiva era só comentário.
Esta é a estória de Teresa
A moça que doou seu coração
E para sempre ficou presa
A uma mal resolvida paixão.