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AOS VERMES...A CARCAÇA
Celina e Marcos Loures

Do que fui resta a carcaça
que aos vermes deixarei.
Só minh'alma terá a graça
de alcançar o que sonhei.
Celina Figueiredo 
           
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Quisera ter decerto esta ventura
De um dia poder crer na eternidade,
E quando a solidão atroz me invade
Um esmoler esquece esta ventura,

Arcaico misantropo em noite escura,
Um eremita foge à claridade
Por mais que o desencanto desagrade
É nele que meu verso se escultura.

Arcanjos, serafins; será meu fim?
Não creio, mais mantendo uma esperança
Que mesmo no vazio já se lança

Retornando deveras de onde vim
Das cinzas entre cinzas, podridão,
Somente levarei o meu caixão...
Marcos Loures