T R O V A S (13)

Trova, momento de glória

em apenas quatro versos

onde cabem universos

do pensamento e da história.

Não está em nenhum museu,

está em ti mesmo, unicamente,

aquele mundo que é só teu,

que é gostoso e atraente.

Estou velho, muitos dizem,

por tantos anos vividos,

esquecem eles, esquecidos

que anos não contam, se vivem.

Toda riqueza do mundo

concentrada numa estante,

o livro é mais que diamante

lapidado no eu profundo.

Tantos cacos nesta vida

tenho juntado por aí,

e a tantos eu dou guarida,

fui eu mesmo que perdi.

Noite de avatares no céu

pondo as estrelas ausentes,

vamos nós, versos, contentes,

buscando rimas ao léu.

Cedinho um canto ensaia

o joão-de-barro faceiro,

e segue assim o dia inteiro

até que a tardinha caia.

Estrelas silentes, nenhum ciciar

na noite esplendorosa,

astros tantos a auscultar

algum verso na nebulosa.

Tanta coisa explicada

onde não há explicação

escancara o mundo-cão,

deixa a vida escancarada.

Camândulas de estrelas !

Oh noites dadivosas !

Que bom ouvi-las, vê-las !

Estelas, oh luminosas !

O doce "meli" da vida

deve ser sempre bem-vindo,

por isso busco sorrindo

eflúvios de forma sortida.

As atitudes de muita gente

devemos perdoar então,

que elas ouçam simplesmente

a voz da própria razão.