És luz de vela
Numa noite escura e fria,
Alguém tremendo de frio.
Barriga vazia, pés descalços,
Em trapos. Vida por um fio.
Passa em meio à multidão,
Que não percebe. Adiante,
Segue... Por que olhariam?
É apenas mais um, sem chance.
Estende a mão, fingem não ver.
Poderia dizer-lhes uma verdade:
Também sou teu irmão!
Mas a voz mais alta é a vaidade.
Insolência! Grita a multidão.
Ocupamos outra esfera.
Parece não sentir-se torrão.
Cuidado, és luz de vela.