T R O V A S (12)
Vou de inspiração impregná-los,
o caro verso, a querida rima,
buscando a trova prima
pelo prazer e meus regalos.
As costeletas ambulantes
ali nas alturas do céu
são nuvenzinhas passantes
sem destino, vão ao léu.
Tendo ido ao consultório,
perguntou-me o doutor:
- algo dói, depredatório ?
- alguma dorzinha de amor !
Os tão saudáveis rumores
das tuas águas, riozinho,
curam até mesmo as dores
dalgum amor mais daninho.
Andam os ventos fugazes
ventarolando por aí,
trazendo rimas audazes,
levando versos daqui.
Pelas veredas da vida
batem tantas invernias,
manhãs, tardes, noites-frias,
horas buscando guarida.
Na mata pelos caminhos
vou fruindo gostosuras,
os verdes, aragens puras,
e o trinar dos passarinhos.
Que se teçam tantos versos
em doses consuetudinárias,
que se busquem rimas várias
nos confins dos universos.
Cantorias aqui-ali-acolá,
a passarada toda em festa
vai cumprindo sua gesta
numa sinfonia ao deus-dará.
Uma boa rede de poemas
tenho tido tentado trançar,
mas não acerto no pensar
aqueles nós-estratagemas.
Ambular pelos caminhos
no maior encantamento
ouvindo o bulício do vento
e o trinar dos passarinhos.
Caminhamos de mãos dadas
meus queridos eus e os meus ais,
pobres zebedeus tais quais
em busca de quase nadas.