BAÚ DE TROVAS [XVIII]

1. FOGO DE MONTURO

Amar, a gente só ama

uma vez – já disse alguém;

talvez sem pensar na chama,

quando reabre e nos vem.

2. MODUS VIVENDI

Temporão, já nem me importa

que meu estilo de amar-te

seja escancarada porta

a ter-te por obra d’arte.

3. NÓ-CEGO

Como fitas, num enlace,

sob a forma de lacinho,

somos nó, que por nós passe,

a dividirmos carinho.

4. PERVERSÃO

No fundo, no fundo mesmo,

isto, sim, me traz frisson

– mordicado, ser torresmo

nos dentes do teu bem-bom.

5. PRESUNÇÃO

Provido de algumas trovas

e a lira, no pensamento,

certo estou que tu me aprovas

que eu te ame, cem por cento.

Fort., 30/12/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 30/12/2009
Reeditado em 30/12/2009
Código do texto: T2002921
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