T R O V A S (11)
Negra noite nebulosa
na ronda rude do tempo
faz esta vida gostosa
palpitar a contratempo.
Gente que não se enxerga
nem um nadinha na vida,
solta a língua comprida
e nem à verdade se verga.
Desce a cascata em cantata
rumando sempre o oceano,
águas em eterna serenata
entra ano e ano e mais ano.
Lampejos também são trovas
que nunca aconteceram,
pensamentos em desovas
lutando por viver. E viveram.
As Três-marias presentes
nas alturas infinitas
ficam claras e bonitas
com os luares alvinitentes.
O ritual na bica d"água
até parece redundância,
lavo a cara e a refrescância
dissipa tanta, tanta mágoa.
Manhãzinha bem chegando
e já estou nos versos,
atravessamos universos
eu e a Poesia vibrando.
Parecia até combinado
esta chuvona gostosa,
verão, o calor molhado
e minh"alma em rebordosa.
Ventos ventando vozeiros
nestas tardes estivais
são hinos de cancioneiros
dos tempos do nunca mais.
Coisa realmente agradável
esta de tecer versos,
parece um chá bem saudável
com os aromas mais diversos.
Três meninas a brilhar
lá na altura do céu,
são irmãs, marias, a dedéu
varam a noite em cismar.