MEU QUERIDO RIACHO!
NA FAZENDA PASSA UM RIO,
PEQUENO E CHEIO DE CURVAS,
OS PÁSSAROS NUM CANTARIO,
FAZEM-ME ESQUECER DE SUAS ÁGUAS TURVAS!
ACIMA, LÁ MAIS DISTANTE,
OUVEM-SE AS PEDRAS A QUEBRAR,
SEUS PEDAÇOS FAISCANTES,
NO LEITO DO RIO VÃO-SE ALOJAR.
ERA UM RIACHO LIMPINHO,
QUE MUITAS VEZES FICAVA A ME BANHAR,
HOJE MEUS DESTRUIDORES VIZINHOS,
ENTULHOS ESTÃO A JOGAR.
EU VIA MEUS PÉS NAS ÁGUAS CRISTALINAS,
FIZ VÁRIAS PROMESSAS DE FORMA TÃO ESPECIAL,
ELE FOI PAISAGEM NAS ÉPOCAS NATALINAS,
EM QUE EU ENFEITAVA A PONTE PARA O NATAL.
FIZ PROMESSAS DE AMOR,
FIZ PROMESSAS DE AMIZADES,
RESFRESQUEI-ME DO CALOR,
E TAMBÉM DE MUITAS SAUDADES.
SEU LEITO FOI TESTEMUNHA,
DE MUITOS AMORES VIVIDOS,
DE VERDADES CRUAS E NUAS,
DE DESEJOS TÃO QUERIDOS.
SUAS ÁGUAS NO MEU CORPO TOCARAM,
CORPO NU E TÃO ALVEJADO.
ALI SONHOS ME ABRAÇARAM,
VIVI PRAZER TÃO DESEJADO.
QUANTAS MANHÃS DE BANHO DELICIOSO,
QUANTOS VERÕES VIBRANTES,
A BELEZA DE UM SOL TÃO GOSTOSO,
A TOCAR MEU CORPO DELIRANTE!
NAS PEDRAS EU ME SECAVA,
DEITADA EM PENSAMENTOS PERDIDOS,
OS CABELOS LONGOS ME TOCAVAM,
ACORDANDO-ME DE SENTIMENTOS DESTRUÍDOS!
TINHA UMA LINDA CACHOEIRA,
ÁGUA LIMPA QUE JORRAVA,
TOCAVA-ME O CORPO SORRATEIRA,
TANTA COISA ALI EU DESEJAVA.
MEUS BANHOS TÃO REFRESCANTES,
FORAM INTERROMPIDOS PELO VAI-E-VEM,
DOS ESTRANHOS VISITANTES,
QUE ME TIRARAM ESSE BEM!
HOJE OLHO DO MEU QUARTO,
AS ÁGUAS NÃO FAZEM MAIS BARULHO,
OS PEDAÇOS DE PEDRAS ALI JOGADOS,
PERMITEM APENAS SUSSURROS!
JÁ VIERAM TANTAS PESSOAS,
ÓRGÃOS ESTADUAIS E FEDERAIS,
AS INTENÇÕES SÃO SEMPRE BOAS,
MAS O RIACHO NÃO RESSUSCITA JAMAIS!
ADEUS, MEU RIOZINHO QUERIDO,
OLHO PRA VOCÊ E SINTO SAUDADES,
DE UM AMOR NUNCA VIVIDO,
EM BUSCA DA FELICIDADE!