GOSTO DE SER TROVADOR

Em terras de reis e párias

As coisas são assim mesmo

Mas entre almas solidárias

Um cidadão não anda a esmo

Por ser Rei nosso poeta

Esqueceu-se do irmão

Mas do amor me fiz profeta

E a resposta é meu perdão

Ainda sou uma onça viva

Sendo assim não me iludo

Minha boca até insaliva

Ante um bicho bem carnudo

Obreiro de longa data

No labor da poesia

Vou secar tua cascata

E deixar noutra freguesia

A trova é coisa boa

Anda mais que um avião

Ligeiro o verso voa

E atinge com precisão

Tenho alma de poeta

Faço versos sem rancor

Vivo vida de profeta

Mensageiro do amor

Expressão do pensamento

A trova o reflete bem

Vitrine de sentimentos

Só os mostram quem os tem

Obreiro de bom perfil

No labor da trovação

Vou secar o teu cantil

E te soltar no chapadão

Meu sangue não é azul

Faço versos sem zum-zum

Mas vou por meu pit-bull

Prá morder o teu bumbum

Meu caro amigo José

No fragor do frenesi

Sem querer pisei teu pé

Na hora nem percebí

Pisei e nem percebí

Mas gostei da sensação

Desta doença que sofri

Sofre uma grande multidão