Esperança Esquecida

O que a minha vida tem

para eu ser especial

se eu recebo só o desdém

de uma forma colossal?

Peço esmola – ninguém dá;

peço ajuda e peço paz;

peço: – Cante ó sabiá

pra espantar os vendavais!

Meu discurso é sempre o mesmo;

meu sustento é doação...

Vivo sujo e vivo a esmo

à procura do meu pão.

Mas quem ouve o meu discurso

nunca fita os olhos meus!

Faz de surdo... muda o curso

igualmente aos fariseus.

Diz bem pouco a minha roupa

suja, fétida e estragada.

Mentiroso aqui não poupa

a bituca na calçada.

Está certo! Eu não vos julgo.

Pois meu jeito de giróvago

só te prova que eu sou vulgo,

que não saio do sarcófago.

Mas a culpa não é minha!...

Por não ter meus pais, amor...

Digam, pois, em pouca linha:

Quem aprende sem mentor?

Inda sílex coração

mau?... que não traz esperança.

Que será desta nação

sem o nácar da criança?

15/06/2009 5h35

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 16/06/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1652168
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