DESSE TANTO

Como eu posso sentir tanto,

tanto, tanto... este sem fim,

um sem fim que é DESSE TANTO

e que cabe dentro, em mim?

Hoje o dia foi tão longo...

E não sei se a ansiedade

não deixou que aquele gongo

entoasse amenidade.

E no dia - juro! - inteiro

eu pensei em ti amor

com suspiro e desespero

por querer o teu calor.

A tardinha foi chegando...

E cantava o sabiá,

onde o sol que, declinando

ia ao longe descansar...

Mas aqui tu não estavas

pra sentir o meu desejo,

meu amor que borbulhava

entre a pétala de um beijo.

Não ouvi da tua boca:

Eu te amo ó meu amor!

E nem pude dar em troca

meu sorriso e meu louvor.

Ao raiar nova manhã,

nova aurora luzidia

percebi que o meu afã

não trazia dor tardia.

Pois não pude nem falar,

nem sentir, nem perceber,

nem ouvir, nem carinhar

meu amor... Não pode ser!

E justo hoje que o meu senso

lança em mim tanta saudade,

que me perco num suspenso

mar, tufão de Imensidade.

Esperar que venha a noite

para, então, poder te ver

dói demais, pois este açoite

paciência tem que ter.

Como eu posso sentir tanto,

tanto, tanto... este sem fim,

um sem fim que é DESSE TANTO

e que cabe dentro, em mim?

09/05/2009

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 09/05/2009
Reeditado em 12/12/2011
Código do texto: T1585083
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