Cego, Insano e Corno
Que tolice foi a minha
em pôr fé numa mulher
que jamais quis ter asinha,
coisa que o homem não quer.
Ela sempre quis voar
com seu próprio pé desnudo,
fez a terra virar mar
e depois inundou tudo.
Ela sempre me chamou
de paixão, de grande amor,
mas só que ela se enganou
porque nunca sentiu dor.
Foi num dia de verão
que ela me causou ferida
e partiu meu coração,
acabando minha vida.
Para eu crer num novo amor
solucei - tempo difícil -
Todo incrédulo e em pavor
que pra mim era infactível.
Mas aquela borboleta
que voava sem destino
com um toque na sineta
acordou o pobre menino.
Sua cor muito vivaz
deu pra mim um novo canto,
novo teto, nova paz,
ledo riso, ledo pranto.
Mas o Tempo nunca para!...
Corre sempre para frente,
a alegria também vara,
também passa o mais pungente...
E no cume da letícia
tive muita decepção
como foi minha estultícia
por não crer na traição.
E eu vivi com a perfídia,
coisa que o homem não quer,
ao cheirar dúlcida orquídea
e pôr fé numa mulher.
Sou agora um tafulão
cheio de mágoa e de dor,
com nefasto coração
por não crer no ledo amor.
Mênfis Silva