TROVEJANDO TROVAS [II]

1. Viver como quem copula:

Sem neura, tranquilamente,

Sem açodar-se e sem gula,

Mas ir firme e ir em frente.

2. Diz-se idade da razão

Daquela fase matura

Em que serena a paixão,

O amor é total ternura.

3. O vocabulário existe

Não é para ser tijolo,

Letra morta, acervo triste,

Mas servido como bolo.

4. Final ruim, de verdade,

É o do pulha que não mais

Tem a credibilidade,

Por traição aos seus iguais.

5. Deita na messe da mente

Os teus nobres sentimentos,

Que, por certo, da semente

Brotarão belos rebentos.

6. Por quê, ao pular no meu,

O teu olhar me inquieta,

E fico feito um sandeu,

Completamente pateta?

7. Cada bater do meu peito

É dor sem finalidade;

Em não te tendo no leito,

Onde achar felicidade?

8. És minha força motriz,

Todo o meu contentamento.

Vendo-te, fico feliz;

Não te ver, que sofrimento!

Fort., 21/04/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 21/04/2009
Reeditado em 23/04/2009
Código do texto: T1552384
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