T R O V A S (10)
Nas noites de pura insônia
converso com minhas musas,
são companhias inclusas
na madrugada idônea.
O sabiá cantarolando
é u'a voz inconfundível,
tão graciosa e tão audível
que põe minh'alma vibrando.
O silêncio é uma resposta
bem dura de digerir,
nem sempre a gente gosta
do que não pode ouvir.
Cascateando, cascateiro,
entre as pedras deslizando,
desce a mata serpenteando
o meu riozinho estradeiro.
Nos dando lições aos jorros,
silenciosos, sobranceiros,
os livros e os cachorros
são amigos verdadeiros.
Noite alta estrelada
e as Três-marias envolventes,
meninas sempre presentes
inspirando a madrugada.
Na santa paz do "bosquinho"
vou urdindo a existência
tendo a feliz ingerência
dalgum pobrete versinho.
Junte amores e Poesias,
terás o melhor da existência,
da vida a quintessência,
a quinta-essência dos dias.
Luzes. Chuva e cerração.
Dama-da-noite. Magia.
Gérberas. Alumbração.
Arroubos. Eu só. Poesia.
Estático, eu, ao léu
perscruto a noite, o céu,
quando indagam - o que vigias ?
- namoro as três irmãs, marias.
Eu sou tão-somente eu
t(a)ravestido de mim mesmo,
vivendo assim a esmo
com o sopro que Zeus me deu.
Altas horas, horas tantas
estamos confabulando,
noite a dentro versejando
o bardo e as musas santas.