O MEU CANCIONEIRO * A fuga

Senhora minha, que estais,

ferida, em recolhimento,

se, no céu, não há sinais

e se os lamentos do vento

só prenunciam desgraça,

a cada dia que passa,

preparai-vos, bem discreta,

porque quando o sino der

o toque para as completas,

e se nem vivalma houver,

por entre as crepes do escuro,

por nosso amor vo-lo juro,

sereis livre da mortalha

que em vida vos encarcera

só porque em vós se agasalha

um sonho de primavera

que desafia o caminho

com asas de passarinho.

José-Augusto de Carvalho

5 de Setembro de 2008.

Viana * Évora * Portugal

Do livro em construção:

O MEU CANCIONEIRO

Parte I, Cantigas de amor

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 31/03/2009
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T1515798
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