O MEU CANCIONEIRO * A fuga
Senhora minha, que estais,
ferida, em recolhimento,
se, no céu, não há sinais
e se os lamentos do vento
só prenunciam desgraça,
a cada dia que passa,
preparai-vos, bem discreta,
porque quando o sino der
o toque para as completas,
e se nem vivalma houver,
por entre as crepes do escuro,
por nosso amor vo-lo juro,
sereis livre da mortalha
que em vida vos encarcera
só porque em vós se agasalha
um sonho de primavera
que desafia o caminho
com asas de passarinho.
José-Augusto de Carvalho
5 de Setembro de 2008.
Viana * Évora * Portugal
Do livro em construção:
O MEU CANCIONEIRO
Parte I, Cantigas de amor