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TEMPOS  MUDERNOS


Minino me assustei
No mercado a passeá
Cos preço eu me espantei
Deu vontade dismaiá.

Bacaiau e carni seca
- Coisas do véio imborná -
Que usava lá na roça
Pra mordi me alimentá.

Agora é comida chique
Só de rabo di óio vi
Pois me deu o tar chilique
E no chão quasi caí.

Mi alembrei lá do mato
Inté das carça rancheira
Chamada hoje de jins
O preço num é brincadeira.

Tempo e comida insonsa
Desapetece e envelhece
O que era coisa nossa
Vira moda e encarece.


Uma generosa e bela interação da poetisa Milla Pereira:

Mai, minina, ocê num sabi
Qui as coisa no mercado
Num tem dinhêro qui cabi
Leva inté nossus trocado?

O côco qui vem do Norti
A galinha do quintá
Tão pela hora da morti
I nóis num podi comprá.

Inté a nossa banana
Uma fruta brasilêra
Temo qui tê munta grana
Pra si fazê uma fêra!

Pricisâmu trabaiá
Pralimentá nossus fio
Óia, te digo, num dá
Tô perdênu meu pavio!

*
Eva Gomes de Oliveira
Enviado por Eva Gomes de Oliveira em 30/03/2009
Reeditado em 19/07/2009
Código do texto: T1513041
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