ROSA -DOS -VENTOS

Nessa madrugada,

Fina chuva caía...

Assustada corria

No meio fio da avenida.

Tão desamparada,

Se queixava comigo,

A mim tamborilava

Aos pés dos ouvidos...

{E aquelas gotinhas

queimavam absinto...}

Vinham dum percurso

De sonhos nublados

Caminho das nuvens

De sóis ofuscados.

De dias calados

De horizontes noturnos!

De silêncio dos pássaros

De grilos taciturnos.

A chuva sozinha,

lacrimejou na janela

E eu sonolenta

Chorava com ela.

Regava uma flor

Perdida no mundo,

Uma rosa- dos -ventos...

que girava sem rumo...

Já bem madrugada

Cansadas de guerra!

Eu a chuva...

salvamos a ela.

À rosa -dos -ventos

Que desfalecida

Pendeu na vidraça

Toda dividida.

Não havia mais norte

nem a "cruzeiro do sul"!

Num céu desligado

que perdeu todo o azul!

A chuva então

Perguntou para mim

por que que a Rosa-dos -ventos

terminava assim...

E eu sem resposta

Olhei para a chuva

Que já indo embora

Numa fuga absurda...

Sequer teve tempo

de lhe ver socorrida

Colhi minha rosa

e dei-lhe guarida.

A chuva se foi

Finda a madrugada...

Deixando pra trás

A rosa toda molhada!

No sol que acordava

Eu lhe reguei com alento,

Nos lancei na alvorada...

Eu e a rosa-dos-ventos!