TROVANDO VII

Como as mulheres, a lua

A cada mês se renova;

Sabe-se bela e dá prova

Mostrando-se toda nua.

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Se o que você vai dizer

Tem mensagem, brade e fale;

Ouça-se a voz do saber

E a vã palavra se cale.

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O que é que não se escreve

E nem se diz soletrando?

É a palavra saudade,

Que só se escreve chorando.

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Vamos falar de saudade...

(Confesso, é o que eu sinto agora).

Suave dor que o peito invade

De quem mesmo alegre chora.

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Nas minhas horas de dor

Deus tem pena e me dá prova,

Revela-me o seu amor

E dá-me pronta uma trova.

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Molha a terra, chuva fina,

Que de molhar não se cansa;

Molha esta Terra em ruína

Até que brote a esperança.

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Rosas azuis, amarelas...

Até tem da cor dos linhos!

Não sei porque, se tão belas,

Ferem tanto seus espinhos.

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O coração, como o tempo

Que no inverno chora tanto,

Quando está triste derrama

Copiosamente o seu pranto.

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 26/04/2006
Código do texto: T145799